04 outubro 2009


Sempre Ziraldo!!
Na aula do dia 1º de outubro no curso que faço, FNLIJ/SME 2009 Leitura, Literatura e formação de leitores, aprendemos mais sobre Ziraldo. Me chamou atenção o texto trabalhado, um fragmento da palestra "Uma visão do que é educar" proferida em Uberaba em 17/ 03/ 1997. Sempre amei Ziraldo, agora mais ainda, pois seu pensamento se parece muito com o meu e não poderia deixar de compartilhar aqui.
Com uma simplicidade incrível ele define, a meu ver, a tão falada e pouco entendida MEDIAÇÃO proposta por Vygotsky e mostra o que a escola não deve fazer.
Te amo Ziraldo!!!

oo000ooo
Em termos bastante práticos, o que tenho proposto, por todo Brasil onde vou, é esta a minha teoria: no ensino básico, acabou de alfabetizar o menino, já entra com o livrinho e faz logo a festa do primeiro livro (que é como a festa da primeira comunhão), para ela sacralizar o livro. A mãe chora, a família toda emocionada, filmam, o menino recebe, nesse momento o primeiro livro. No primeiro ano, começa como se apaixonar pelo mais belo objeto que o ser humano já inventou. Leva o menino pra ver o livro, conversa com ele sobre o livro; não manda interpretar, não pergunta quem é o protagonista, não faz categoria,. Menino não precisa saber o que é pro-ta-go-nis-ta - uma palavra toda desdobrada, cheia de significados, ele não tem que usar a palavra protagonista, tem é que ser feliz.

Convencionou-se que aos 7 anos a criança deve ser alfabetizada. A escola recebe a criança em fase de alfabetização, e começa a ajudá-la a odiar o livro, odiar ler, porque começa a transpormar o livro em dever, ler em dever, quando ler deve ser prazer. Minha escola ideal é a seguinte, no primeiro dia de aula é a festa do livro, e todo dia um livro. O menino não vai ter espaço fora do livro, pra poder gostar. Gostar do cheiro deste objeto. Você não pode dar tempo pra ele não gostar. Criança tem tempo pra tudo. O dia do menino rende que é uma desgraça. Ele vai ter tempo pra tudo mais, e lê lá na escola; se gostar leva pra casa pra acabar de ler. Nos quatro anos entre os 7 e 9-10 anos, a criança deve aprender apenas a gostar de ler e as quatro operações, a noção de fração. Só. Só isso. A escola completamente o problema da formação e prepara pra educação formal (não é preparar para a matéria). Agora no gostar de ler ela vai aprender a respeitar o amigo, respeitar o colega, respeitar pai e mãe, chegar na hora. Quer dizer, vai ser preparada para viver fora de casa; isso não é matéria curricular. O próprio livro que o menino vai ler e o filme que vai ver, pra conversar sobre, estarão despertando a sua curiosidade pro mundo. A informação, o menino está louco para organizá-la na cabeça, mas não precisa afobar, a razão vai ajudá-lo a organizar. Vai sendo estimulado a ler - e aprendendo todas as coisas - e a ser informado; daí a pouco ele vai ter que ter método na escola, horário, guardar os cadernos, mas tudo isso como coisa suplementar.

As crianças vão aprender a ler, lidar com o livro de história, contar e ouvir histórias. A professora lê até certo ponto, dá o livro pra uma ler o final, para todos ouvirem. Leva o contador de histórias na sala. Na Inglaterra tem um programa de televisão em que a mulher senta num banco e diz: " vou contar pra vocês uma história". E fica 40 minutos contando uma história, sem um movimento de câmera, sem som, sem música; esse é o programa de maior audiência na Inglaterra hoje. Contador de história dá de 10 a 0 na televisão, dá de 1000 a 0. Você tem que fazer uma coisa lúdica na escola. Toda criança quer aprender a ler. Por que ela não gosta de ler, se toda criança quer aprender a ler? Fica louca para aprender a ler. Quando ela descobre a mágica o segredo da leitura, como é que é o mecanismo, você olha pra cara dela e está assim: "Meu Deus, então é isso?". E é uma felicidade! No dia seguinte, a escola começa a transformar esse prazer num terror. O erro esté na viradada pré-escola e alfabetização pra escola formal. A escola consegue infernar a vida do menino no primário, porque vira dever. Não tem que ficar forçando cabeça de criança não. É isso que eu quero dizer: o mmenino volta feliz da escola, porque todo menino quer ir pra escola; então não é a criança que é a culpada. Quem é que é culpada? É a escola. Sendo assim, tem que mudar a escola.

Tem uma anedota ótima, que diz que um sujeito morreu, na Idade Média, num hospital cheio de cadaver amontoado, pesta negra. Pá! Morreu. Morreu e acordou 400 anos depois na UTI; tudo branco, bem equipado, um outro morreu numa fábrica de carroça. Estava lá o carroção, as rodas...E, 400 anos depois, acordou e viu um Mercedes Benz. Morreu um terceiro. Na sala de aula. E, pá! Acordou e falou assim: "Oh! Olha eu aqui".

2 comentários:

  1. Oi, Dayse!
    Gosto muito de navegar por aqui... Mediando contigo!
    Gostei muito de te reencontrar, pois trabalhamos tão perto, mas sempre em escolas diferentes.
    Agora estamos numa "escola virtual", onde dividimos alegrias, esperanças, opiniões, dúvidas, saberes, enfim, vida!
    Bjs,
    Ivanise:)

    ResponderExcluir
  2. Oi é simone
    adorei seu blog.

    ResponderExcluir