21 agosto 2009

Rubem Alves - Educar

19 agosto 2009

O Conto "O Bicho Manjaléu" conta a história de que três Reis compram três filhas de um moço, e o irmão mais novo descobre e decide ir atrás delas, ele encontra-as e cada rei dá um presente para o irmão das rainhas, e o irmão mais novo quer salvar a rainha castela, mais precisa passar pelo bicho manjaléu. Este conto está no livro - "Histórias de Tia Nastácia" e sempre foi meu preferido!!
Era uma vez um velho que tinha três filhas muito bonitas, mas um velho muito pobre,que vivia de fazer gamelas. Uma vez passou pela sua casa um lindo moço a cavalo;parou e declarou que queria comprar uma das moças. O velho se ofendeu; disse que por ser pobre não era nenhum malvado que andasse vendendo as filhas;mas diante das ameaças do moço teve que aceitar o negócio. Lá se foi a sua primeira filha na garupa do cavaleiro, e o velho ficou olhando para o ouro recebido.
No dia seguinte apareceu outro moço, ainda mais lindo, montado num cavalo ainda mais bonito e propôs-se a comprar a filha do meio. O velho, bastante aborrecido,contou o que tinha se passado com a primeira, e não quis aceitar o negócio.O moço ameaçou matá-lo, e também lá se foi com a segunda moça na garupa,deixando com o velho dois sacos de dinheiro.
No dia imediato apareceu um terceiro moço e depois da mesma discussão lá se foi com a derradeira moça na garupa, deixando em troca três sacos de dinheiro.
O velho ficou muito rico, mas sem as filhas, e começou a criar com grandes mimos um filhinho que havia nascido fora de tempo. Quando já estava na escola, esse menino teve uma briga com um companheiro, o que lhe disse: "Você está prosa por ter pai rico, mas saiba que ele já foi um pobre diabo que vivia de fazer gamelas.Está rico porque vendeu as filhas".O menino voltou pensativo para casa, mas nada disse. Só quando ficou moço é que pediu ao pai que lhe contasse a história das três irmãs vendidas.O pai contou tudo e ele resolveu sair pelo mundo em procura das irmãs.
No meio do caminho encontrou com três marmanjos brigando por causa duma bota,duma carapuça e duma chave. Indagando do valor daquilo, soube que eram uma bota,uma carapuça e uma chave mágicas. Quando alguém dizia à bota: "Bota, bote-me em tal lugar!", a bota botava. E se diziam à carapuça: "Carapuça, encarapuce-me!" a carapuça encarapuçava, isto é, escondia a pessoa. E se diziam à chave: "Chave, abre!", a chave abria qualquer porta.O moço ofereceu pelos três objetos o dinheiro que trazia e lá se foi com eles.
Logo adiante parou e disse: "Bota, bote-me em casa de minha primeira irmã".Mal acabou de pronunciar tais palavras, já se achou na porta de um palácio maravilhoso. Falou com o porteiro. Pediu para entrar, dizendo que a dona do palácio era sua irmã. A irmã soube da sua chegada, acreditou em suas palavras e o recebeu muito bem.- Mas como conseguiu chegar até aqui, meu irmão?- Por meio dessa bota mágica - respondeu ele.E contou toda a história da sua partida e do encontro com os três objetos mágicos. Tudo correu muito bem, mas assim que começou a entardecer a irmã pôs-se a chorar.- Por que chora, minha irmã?- Ah - respondeu ela - choro porque sou casada com o rei dos Peixes, um príncipe muito bravo, que não quer que eu receba ninguém nesse palácio.Ele não tarda a chegar, e mata você se o enxergar aqui...O moço deu uma risadinha, dizendo:- Não tenho medo de nada. Com a carapuça mágica saberei esconder-me.
O rei chegou e logo levantou o nariz para o ar farejando: - "Sinto cheiro de gente de fora!"mas a rainha mostrou que não havia por ali ninguém, e ele sossegou.Tomou um banho e se desencantou num lindo moço.Durante o jantar a rainha fez esta pergunta:- Se aparecesse por aqui um irmão meu, que faria Vossa Majestade?- Recebia-o muito bem - disse o rei - porque o irmão da rainha, cunhado do rei é.E se ele está por aqui, que apareça.O irmão encarapuçado apresentou-se, sendo muito bem recebido. Contou toda a sua história, mas não aceitou o convite de ficar morando ali por ter de continuar pelo mundo em procura das outras irmãs.O rei olhou com inveja para as botas mágicas, dizendo:"Se eu as pilhasse, iria ver a rainha de Castela."Na hora da partida o rei deu-lhe uma escama. "Quando estiver em apuros,pegue nesta escama e diga: "Valha-me rei dos Peixes!"
O moço agradeceu o presente e lá se foi depois de dizer à bota: "Bota, bote-me nacasa de minha segunda irmã", e imediatamente se achou defronte de outro palácio,onde foi recebido pela segunda irmã, que era esposa do rei dos Carneiros."Meu marido logo chega por ai, a dar marradas a torto e a direito, e você não escapa."Com minha carapuça escapo - respondeu o rapaz rindo-se. E contou a virtude dacarapuça encantada. E de fato foi assim, correndo tudo direitinho como lá no paláciodo rei dos Peixes. Na hora da partida o rei dos Carneiros disse: "Tome esse fio de lã. Quando estiver em apuros, basta que pegue nele e diga: "Valha-me rei dos Carneiros". Em seguida olhou com inveja para as botas mágicas. "Se as pilhasse, iria ver a rainha de Castela."
Logo que o moço se viu na estrada, parou e disse à bota: "Bota, bote-me em casa de minha terceira irmã", e a bota botou-o no portão dum terceiro palácio ainda mais beloque os outros. Era ali o reino do rei dos Pombos, onde tudo aconteceu como no reino dorei dos Peixes e no reino do Rei dos Carneiros. Foi muito bem recebido e festejado,até que na hora da partida o rei dos Pombos suspirou olhando para as botas e disse:"Se eu pilhasse essas botas, iria ver a rainha de Castela."Em seguida deu ao moço uma pena, dizendo: "Quando estiver em apuros, pegue nesta pena e diga: Valha-me, rei dos Pombos."
Logo que o moço se viu na estrada, pôs-se a pensar na tal rainha de Castela que os três príncipes queriam visitar, e disse à bota mágica: "Bota, bote-me no reinoda rainha de Castela!" E num instante a bota o botou lá.Soube que era uma princesa solteira, tão linda que ninguém passava pela frente do seu palácio sem erguer os olhos, na esperança de vê-la à janela - mas a princesa tinha jurado só se casar com quem passasse pelo palácio sem erguer os olhos.
O moço então passou pela frente do palácio sem erguer os olhos e a princesa imediatamente casou com ele. Depois do casamento a princesa quis saber para que serviam aqueles objetos que sempre trazia consigo - e o que mais a interessou foi achave de abrir todas as portas.A razão disso era haver no palácio uma sala sempre fechada, onde o rei não permitia que ninguém entrasse. Nela morava o Manjaléu - um bicho feroz, que por mais que o matassem revivia sempre. A princesa andava ardendo de curiosidade de ver o bicho Manjaléu, e certa vez, em que o rei e o marido foram à caça, pegou a chave e abriu a porta da sala do mistério. Mas o bicho feroz pulou e agarrou-a dizendo: "Era você mesma que eu queria!" E lá se foi para a floresta com a pobre moça ao ombro.Quando o rei e o marido da moça voltaram da caça e souberam do acontecido,ficaram desesperados. Mas o dono das botas mágicas prometeu consertar tudo. Agarrou-as e disse: "Bota, bote-me onde está minha esposa" E a bota botou-o.O moço encontrou a princesa sozinha, pois que o Manjaléu andava pelo mato caçando. Minha querida esposa - disse ele - precisamos dar cabo desse monstro feroz, mas para isso é necessário que eu saiba onde é que ele tem a vida. A vida do Manjaléu está tão bem oculta que todas as tentativas para matá-lo têm falhado.Trate de saber onde ele tem a vida.A princesa prometeu que assim faria, e quando o Manjaléu voltou deu um jeito da conversa recair naquele ponto. Manjaléu desconfiou.- Ahn! Quer saber onde eu tenho a vida para me matar, não é? Não conto, não.Mas a princesa, teimosa, tanto insistiu durante dias e dias que o bicho Manjaléu resolveucontar tudo. Antes disso ele amolou, bem amolado, um alfanje, dizendo: "Vou contar onde está a minha vida, mas se perceber que alguém quer dar cabo de mim,corto sua cabeça com esse alfanje, está ouvindo?"A princesa aceitou a proposta. Ele que contasse tudo que ela ficaria com seu pescoçoàs ordens do alfanje, no caso de alguém atentar contra a vida do monstro. E o bicho Manjaléu então contou: "Minha vida está no fundo do mar. Lá no fundo há um caixão;nesse caixão há uma pedra; dentro da pedra há uma pomba; dentro da pomba há um ovo; dentro do ovo há uma vela, que é a minha vida. Quando esta vela se apagar eu morrerei."No dia seguinte, quando o bicho Manjaléu saiu novamente a caçar, o marido da princesa, que estivera escondido pela carapuça, apresentou-se. "E então?" - perguntou.A princesa contou-lhe direitinho tudo que ouvira do monstro.O moço dirigiu-se à praia do mar e pegou na escama dizendo: "Valha-me rei dos Peixes!". E imediatamente o mar se coalhou de peixes que indagavam o que ele queria.- Quero saber em que ponto do fundo do mar tem um caixão assim e assim.- Eu sei - respondeu um enorme baiacu. - Ainda a pouquinho esbarrei nele. Esse caixão está em tal parte. - Pois quero que me tragam aqui esse caixão.
Os peixes saíram na volada; logo depois apareceram empurrando o caixão para a praia.O príncipe abriu-o e encontrou a pedra. Como quebrá-la? Lembrou-se do fio de lã.Pegou no fio e disse: "Valha-me rei dos Carneiros!" Imediatamente apareceraminúmeros carneiros, que deram tantas marradas na pedra que a partiram.Enquanto isso, lá longe, o Manjaléu, com a cabeça no colo da princesa e o alfanje na mão, ia sentido coisas esquisitas.- Minha princesa - disse ele - estou me sentindo doente. Alguém está mexendo na minha vida. E sua mão apertou o alfanje.
A princesa engambelou-o como pode, para ganhar tempo. Ela sabia que seu marido estava a procura da vida do monstro.Assim que os carneiros quebraram a pedra, uma pombinha voou de dentro e lá se foi pelos ares. O moço lembrou-se da pena, pegou-a e disse: "Valha-me rei dos Pombos!"
Imediatamente o ar se encheu de pombos, que o moço mandou voarem em perseguiçãoa pombinha. Os pombos foram atrás dela e a pegaram. O moço tomou-a, espremeu-a e fez sair o ovo.
Lá longe o Manjaléu se sentia cada vez pior. Começava a desfalecer, e como não tivesse dúvidas sobre o que era aquilo foi levantando o alfanje para degolar a princesa.Mas não teve tempo. O moço havia quebrado o ovo e assoprado a vela.A mão do Manjaléu moleou - e seu olhos se fecharam para sempre.
Estava o reino de Castela livre daquele horrendo monstro. O moço levou a princesa para o palácio, onde o rei a recebeu com lágrimas nos olhos. E para comemorar o grande acontecimento decretou uma semana inteira de festas.
- POR UMA LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA
Os aspectos inovadores da literatura de Monteiro Lobato para crianças,
trata, em especial, da importância da fábula em suas produções e do modo como o escritor adaptou o gênero à recepção dos seus leitores. No caso de sua produção infantil, pois, como sabemos, no final do século XIX e nas primeiras décadas, a literatura brasileira destinada à infância era totalmente dependente da européia e, o que é mais relevante e problemático, responsável pela difusão de uma visão conservadora de seus receptores e absolutamente preocupada em veicular noções didáticas e pedagógicas, fossem elas ligadas a questões religiosas, morais, educacionais ou de civismo. Desde de muito tempo antes da publicação de seu primeiro livro voltado para o público infantil,
Lobato já manifestava sua preocupação com as leituras destinadas às crianças, em correspondência a Godofredo Rangel, datada de 1916, o escritor relatava suas inquietações literárias, revelando um pensamento extremamente arrojado para a época: “Ando com várias idéias. Uma: vestir à nacional as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, tudo em prosa e mexendo nas moralidades. Coisa para crianças. Veio-me da atenção curiosa com que meus pequenos ouvem as fábulas que Purezinha lhes conta. Guardam-nas de memória e vão recontá-las aos amigos – sem, entretanto, prestarem nenhuma atenção à moralidade, como é natural. A moralidade nos fica no subconsciente para ir-se revelando mais tarde, à medida que progredimos em compreensão. Ora, um fabulário nosso, com bichos daqui em vez dos exóticos, se for feito com arte e talento dará coisa preciosa.” (Lobato, 1972, p.245-46) O autor desde cedo já expunha, precocemente, características do processo antropofágico, que seria mais tarde uma característica do modernismo brasileiro. Uma das adaptações lobatianas mais expressivas dos clássicos da literatura mundial foi Dom Quixote das Crianças, 1936). Além das adaptações para crianças dos clássicos, lobato com idéias inovadoras deu vida a sua obra literária de maior expressividade. Com a obra voltada para um público infantil lobato alcançou 23 títulos, porém dentre esses todos destaca-se os de maior representatividade que são:
Histórias do Mundo para Crianças - História Geral
Emília no País da Gramática – Língua Portuguesa
Aritmética da Emília – Matemática
Geografia de Dona Benta – Geografia
Serões de Dona Benta – Ciências Física e Biológicas
Histórias das Invenções – Curiosidades sobre o mundo
Viagem ao céu – Astronomia
O poço do Visconde – Geologia
Nesses livros Lobato procurou tratar conteúdos didáticos de uma forma mais atraente e que fosse mais próxima de seu leitor. Pois segundo Lobato o que via nas escolas era uma uniformização dos cérebros, a forma como era tratada a leitura nas escolas o incomodava e segundo o autor, contribuía para um afastamento dos leitores das bibliotecas, segundo Lobato: “O menino aprende a ler na escola e lê em aula, à força, os horrorosos livros de leituras didáticas que os industriais do gênero impingem nos governos. Coisas soporíferas, leituras cívicas, fastidiosas patriotices. Tiradentes, bandeirantes, Henrique Dias, etc. Aprende assim a detestar a pátria, sinônimo de seca, e a considerar a leitura como um instrumento de suplício.” (Lobato, 1969, p. 84) Para conseguir a atração necessária para prender seu leitor, Lobato dispôs, assim, de sua grande obra O Sítio do Pica-pau Amarelo. O Sítio é um mundo independente, onde tudo acontece, os enredos se passam no sítio.Há algumas histórias se passam em outros lugares, porém o sítio é a unidade de lugar presente, de fato em todas as histórias. Seja como ponto de partida ou como cenário final das aventuras. O Sítio é descrito pela primeira vez em “O Saci” (1921). Segundo a apresentação de Regina Zyberman: “<...> è propriedade de Dona Benta Encerrabodes de Oliveira, que habita lá, na companhia de uma cozinheira, Tia Nastácia, e da neta. Nas férias, recebe a visita do neto Pedrinho, filho da filha mencionada algumas vezes, mas pessoa que deve residir na cidade, de onde provém o garoto. Ignora-se quem são os pais de Narizinho, mas ninguém se preocupa em perguntar por eles.” (Zyberman,2005, p. 27) O sítio é mais do que só um lugar ele revela uma proposta de mudança de Lobato para o pais. Assim expõe Regina Zyberman, acerca do sítio: “<...> ele deseja que o sítio mostre como o Brasil é (ou foi, nas primeiras décadas do século XX) – o predomínio da economia agrícola, a decadência do mundo rural, o atraso da mentalidade das pessoas que vivem no campo. De outro, o lugar expressa o que Lobato deseja para o Brasil inteiro, a saber, a possibilidade de modernização, crescimento e fortuna graças à exploração das riquezas minerais, em especial, do petróleo.” (Zyberman, 2005, p.28) Por meio do Sítio, Lobato trouxe a ótica infantil problemas de “gente grande” e proporcionou que “gente grande” podesse vercom outros olhos o nosso País e refletisse deveras brincando sobre problemas tão sérios.
Fernando Pessoa


Autopsicografia
O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda Gira,

a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.


Navegar é Preciso
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
[Nota de SF
"Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC.,
dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida
de Pompeu]


Contos de fadas

Trabalhar com contos de fadas nas escolas é uma atividade prazerosa para todos os envolvidos no processo educativo, pois é um tema de grande aceitação entre as crianças, que desperta interesse, envolvimento e participação dos mesmos.
O professor, antes de iniciar seu trabalho, deve desenvolver um projeto por escrito, em referência ao mesmo, citando a justificativa, os objetivos de se desenvolver o projeto, quais os recursos didáticos que disponibilizará para a realização do mesmo, a metodologia das aulas, dentre outros, buscando discutir com os alunos quais seus interesses diante do mesmo.
O importante de se desenvolver esse projeto é que, através dele o professor consegue trabalhar alguns conflitos do dia-a-dia dos alunos, bem como buscar as soluções para os mesmos, procurando encontrar respostas para aquilo que não está bem.
À medida que as histórias vão sendo trabalhadas, as crianças podem se identificar com os personagens e transferirem todos os seus conflitos para aqueles vividos na história. A criança se envolve tanto que passa a viver como se fosse um dos personagens.
Os assuntos abordados nos contos de fada muitas vezes tornam-se reais, como os medos que fazem parte de nossa vida.
Dentre esses, os que mais vemos nas crianças são medo de escuro, de animais, dos pais não buscarem na escola, etc. Porém, um dos medos mais difíceis de trabalhar nas escolas é o medo do Lobo Mau. Na verdade, a intenção das histórias, como a Chapeuzinho Vermelho, não é de assustar as crianças, mas de mostrar para as mesmas que não devemos falar com pessoas estranhas, que não podemos confiar em qualquer um.

O amor é outro importante tema dos contos de fadas, sempre aparecendo com um príncipe encantado e a princesa, que se casam ao final da história.
Esses sentimentos fazem parte da vida de qualquer ser humano e é bom que as crianças aprendam a lidar com eles o quanto antes.
Nas aulas as crianças vão percebendo que seus medos vão sendo amenizados à medida que a professora as faz refletir sobre os mesmos, que as suas relações sociais vão ficando menos conflitantes, devido a momentos de discussão dos combinados da turma, como regras de boa convivência que devem respeitar. Já o amor, este vai surgindo através do respeito ao próximo, das atitudes menos egoístas e de carinho. Assim, a criança vai percebendo que a amizade é uma importante conquista para seu dia-a-dia.
Os contos de fadas ensinam também as crianças a enfrentarem sentimentos de perda e angústia. Através deles as crianças percebem que tudo de ruim que pode acontecer na vida de uma pessoa pode passar, pois sempre há uma fada para ajudar a resolver os problemas, como as mães, avós, tias ou mesmo as professoras.
Enquanto divertem as crianças, os contos trabalham o lado emocional das mesmas, favorecendo o desenvolvimento de suas personalidades, pois tratam vários problemas de forma prazerosa e aceitável. Cultivam a esperança, o sonhar e nos mostram que sempre há esperança para os finais felizes.
E é importante ressaltar ainda que, para as crianças acostumadas a ouvir histórias e estimuladas a ter sempre contato com as mesmas, a leitura se fará constante na vida delas.

Por Jussara de Barros

Graduada em Pedagogia

Equipe Brasil Escola

17 agosto 2009

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16 agosto 2009





Nova Escola - agosto/2009
Folclore é mais do que se imagina


Em geral tratado de forma preconceituosa ou limitada, o folclore é uma área de saberes e expressões que merece muito mais reflexão na hora de ser abordado na escola

No calendário, o folclore tem data marcada para ser lembrado: dia 22 de agosto. E na vida das pessoas, quando ele acontece? Ter clareza sobre essa questão é o primeiro passo para trabalhar na escola as manifestações e a importância da cultura popular tradicional. Por isso, preparamos este conteúdo especial, dividido em três partes: uma entrevista com o educador popular Tião Rocha, do Centro Popular de Desenvolvimento e Cultura, uma pequena antologia de clichês sobre o tema, acompanhada da devida desconstrução de cada um deles e um quiz para estimular a reflexão sobre o folclore.

Não raro, o folclore costuma resumir-se nas salas e pátios escolares à comemoração de seu dia, quando são relembradas lendas como a da Iara, do Saci Pererê, do Curupira, entre outras. Como geralmente não se articulam em projetos ou sequências didáticas nem fazem parte do dia-a-dia da instituição, a percepção das crianças em relação ao que é, de fato, a cultura popular tradicional fica muito aquém do que essa área de saberes e expressões tem a oferecer. E, para piorar, o mais comum é que suas manifestações acabam sendo tratadas na escola de maneira preconceituosa – como algo inferior em termos de conhecimento.

O folclore diz respeito à vida de cada um de nós, já que pertencemos a grupos sociais que levam adiante costumes, saberes e valores. Da mais simples receita culinária ao mais complexo ritual de casamento, tudo é compartilhado por um grupo e levado adiante com o passar do tempo e das gerações. Isso acontece somente por uma razão: essas tradições continuam a fazer sentido, inclusive para os mais jovens.







Estudo Errado

Gabriel o Pensador

Eu tô aqui Pra quê?

Será que é pra aprender?
Ou será que é pra aceitar, me acomodar e obedecer?
Tô tentando passar de ano pro meu pai não me bater
Sem recreio de saco cheio porque eu não fiz o dever
A professora já tá de marcação porque sempre me pega
Disfarçando espiando colando toda prova dos colegas
E ela esfrega na minha cara um zero bem redondo
E quando chega o boletim lá em casa eu me escondo
Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola de gude
Mas meus pais só querem que eu "vá pra aula!" e "estude!"
Então dessa vez eu vou estudar até decorar cumpádi
Pra me dar bem e minha mãe deixar ficar acordado até mais tarde
Ou quem sabe aumentar minha mesada
Pra eu comprar mais revistinha (do Cascão?)
Não. De mulher pelada
A diversão é limitada e o meu pai não tem tempo pra nada
E a entrada no cinema é censurada (vai pra casa pirralhada!)
A rua é perigosa então eu vejo televisão(Tá lá mais um corpo estendido no chão)
Na hora do jornal eu desligo porque eu nem sei nem o que é inflação
- Ué não te ensinaram? - Não.
A maioria das matérias que eles dão eu acho inútil
Em vão, pouco interessantes, eu fico pu...
Tô cansado de estudar, de madrugar, que sacrilégio (Vai pro colégio!!)
Então eu fui relendo tudo até a prova começar
Voltei louco pra contar:
Manhê! Tirei um dez na prova
Me dei bem tirei um cem e eu quero ver quem me reprova
Decorei toda lição Não errei nenhuma questão
Não aprendi nada de bom Mas tirei dez (boa filhão!)
Quase tudo que aprendi,
amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Quase tudo que aprendi,
amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
Eles me tratam como ameba e assim eu num raciocino
Não aprendo as causas e conseqüências só decoro os fatos
Desse jeito até história fica chato
Mas os velhos me disseram que o "porque" é o segredo
Então quando eu num entendo nada, eu levanto o dedo
Porque eu quero usar a mente pra ficar inteligente
Eu sei que ainda num sou gente grande, mas eu já sou gente
E sei que o estudo é uma coisa boa
O problema é que sem motivação a gente enjoa
O sistema bota um monte de abobrinha no programa
Mas pra aprender a ser um ingonorante (...)
Ah, um ignorante, por mim eu nem saía da minha cama
(Ah, deixa eu dormir)
Eu gosto dos professores e eu preciso de um mestre
Mas eu prefiro que eles me ensinem alguma coisa que preste
- O que é corrupção?
Pra que serve um deputado?
Não me diga que o Brasil foi descoberto por acaso!
Ou que a minhoca é hermafrodita
Ou sobre a tênia solitária.
Não me faça decorar as capitanias hereditárias!! (...)
Vamos fugir dessa jaula! "Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?)
Não. A aula Matei a aula porque num dava
Eu não agüentava mais
E fui escutar o Pensador escondido dos meus pais
Mas se eles fossem da minha idade eles entenderiam
(Esse num é o valor que um aluno merecia!)
Íííh... Sujô (Hein?) O inspetor!
(Acabou a farra, já pra sala do coordenador!)
Achei que ia ser suspenso, mas era só pra conversar
E me disseram que a escola era meu segundo lar
E é verdade, eu aprendo muita coisa realmente
Faço amigos, conheço gente, mas não quero estudar pra sempre!
Então eu vou passar de ano
Não tenho outra saída
Mas o ideal é que a escola me prepare pra vida
Discutindo e ensinando os problemas atuais
E não me dando as mesmas aulas que eles deram pros meus pais
Com matérias das quais eles não lembram mais nada
E quando eu tiro dez é sempre a mesma palhaçada
Encarem as crianças com mais seriedade
Pois na escola é onde formamos nossa personalidade
Vocês tratam a educação como um negócio
onde a ganância a exploração e a indiferença são sócios
Quem devia lucrar só é prejudicado
Assim cês vão criar uma geração de revoltados
Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio
Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...

14 agosto 2009












Lev Vygotsky - O teórico do ensino como processo social
A obra do psicólogo ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea
O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) morreu há 74 anos, mas sua obra ainda está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. "Ele foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea", diz Teresa Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Ela ressalta, como exemplo, os pontos de contato entre os estudos de Vygotsky sobre a linguagem escrita e o trabalho da argentina Emilia Ferreiro, a mais influente dos educadores vivos. A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.

Mais sobre desenvolvimento infantil
Pensador: Henri Wallon
Pensador: Jean Piaget


Surge da ênfase no social uma oposição teórica em relação ao bió

logo suíço Jean Piaget (1896-1980), que também se dedicou ao tema da evolução da capacidade de aquisição de conhecimento pelo ser humano e chegou a conclusões que atribuem bem mais importância aos processos internos do que aos interpessoais. Vygotsky, que, embora discordasse de Piaget, admirava seu trabalho, publicou críticas ao suíço em 1932. Piaget só tomaria contato com elas nos anos 1960 e lamentou não ter podido conhecer Vygotsky em vida. Muitos estudiosos acreditam que é possível conciliar as obras dos dois.

Biografia Lev Semenovitch Vygotsky nasceu em 1896 em Orsha, pequena cidade perto de Minsk, a capital da Bielo-Rússia, região então dominada pela Rússia (e que só se tornou independente em 1991, com a desintegração da União Soviética, adotando o nome de Belarus). Seus pais eram de uma família judaica culta e com boas condições econômicas, o que permitiu a Vygotsky uma formação sólida desde criança. Ele teve um tutor particular até entrar no curso secundário e se dedicou desde cedo a muitas leituras. Aos 18 anos, matriculou-se no curso de medicina em Moscou, mas acabou cursando a faculdade de direito. Formado, voltou a Gomel, na Bielo-Rússia, em 1917, ano da revolução bolchevique, que ele apoiou. Lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia – área em que rapidamente ganhou destaque, graças a sua cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos. Em 1925, já sofrendo da tuberculose que o mataria em 1934, publicou A Psicologia da Arte, um estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare, cuja origem é sua tese de mestrado.
Relação homem-ambiente Os estudos de Vygotsky sobre aprendizado decorrem da compreensão do homem como um ser que se forma em contato com a sociedade. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem", escreveu o psicólogo. Ele rejeitava tanto as teorias inatistas, segundo as quais o ser humano já carrega ao nascer as características que desenvolverá ao longo da vida, quanto as empiristas e comportamentais, que vêem o ser humano como um produto dos estímulos externos. Para Vygotsky, a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor – ou seja, o homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Essa relação não é passível de muita generalização; o que interessa para a teoria de Vygotsky é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experiência pessoalmente significativa.


Tempo de revolução
Em menos de 38 anos de vida, Vygotsky conheceu momentos políticos drasticamente diferentes, que tiveram forte influência em seu trabalho. Nascido sob o regime dos czares russos, Vygotsky acompanhou de perto, como estudante e intelectual, os acontecimentos que levaram à revolução comunista de 1917. O período que se seguiu foi marcado, entre outras coisas, por um clima de efervescência intelectual, com a abertura de espaço para as vanguardas artísticas e o pensamento inovador nas ciências, além de uma preocupação em promover políticas educacionais eficazes e abrangentes. Logo após a revolução, Vygotsky intensificou seus estudos sobre psicologia. Visitou comunidades rurais, onde pesquisou a relação entre nível de escolaridade e conhecimento e a influência das tradições no desenvolvimento cognitivo. Com a ascensão ao poder de Josef Stalin, em 1924, o ambiente cultural ficou cada vez mais limitado. Vygotsky usou a dialética marxista para sua teoria de aprendizado, mas sua análise da importância da esfera social no desenvolvimento intelectual era criticada por não se basear na luta de classes, como se tornara obrigatório na produção científica soviética. Em 1936, dois anos após sua morte, toda a obra de Vygotsky foi censurada pela ditadura de Stalin e assim permaneceu por 20 anos.
Segundo Vygotsky, apenas as funções psicológicas elementares se caracterizam como reflexos. Os processos psicológicos mais complexos – ou funções psicológicas superiores, que diferenciam os humanos dos outros animais – só se formam e se desenvolvem pelo aprendizado. Entre as funções complexas se encontram a consciência e o discernimento. "Uma criança nasce com as condições biológicas de falar, mas só desenvolverá a fala se aprender com os mais velhos da comunidade", diz Teresa Rego. Outro conceito-chave de Vygotsky é a mediação. Segundo a teoria vygotskiana, toda relação do indivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos – como, por exemplo, as ferramentas agrícolas, que transformam a natureza – e da linguagem – que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito. O papel do adulto Todo aprendizado é necessariamente mediado – e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo própria aluno. Segundo Vygotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança "se apropria" dele, tornando-o voluntário e independente.
Expansão dos horizontes mentais
Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o pensamento do psicólogo bielo-russo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a importância da instituição escolar na formação do conhecimento. Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.
Desse modo, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento. O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender – potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky.
Para pensar Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A idéia de um maior desenvolvimento conforme um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se deve apresentar uma quantidade enciclopédica de conteúdos aos alunos. O importante, para o pensador, é apresentar às crianças formas de pensamento, não sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las. E você? Já pensou em elaborar critérios para avaliar as habilidades que seus alunos já têm e aquelas que eles poderão adquirir? Percebe que certas atividades estimulam as crianças a pensar de um modo novo e que outras não despertam o mesmo entusiasmo?



Texto retirado do site:



http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/lev-vygotsky-teorico-423354.shtml



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